Abandono de São Nicolau




Abandono de São Nicolau: Falta de iniciativa municipal ou comodismo da população?

Santo Antão: Primeira feira de produtos "Made in Paul" cativa visitantes

Quando vejo iniciativas desse tipo em outras ilhas como Santo Antão neste caso, pergunto sempre porque ninguém teve essa idéia antes em São Nicolau.
Nossa ilha é fértil, nos meses de Setembro a Outubro há chuva em abundância, de Novembro a Janeiro fartura na "tambor de midje", verduras, hortaliças e todo o tipo de legumes são colhidos à farta nas nossas hortas mas o que vemos são agricultores prejudicados por falta de saída de produtos. Só se safam com a boa vontade do Marliso (o táxi dos sãonicoloenses e nosso melhor amigo, por sinal!).

Há uma controversa não há? Numa ilha tão fértil e com essa abundância como é possível a agricultura não render lucros aos agricultores ou porquê temos de importar quase tudo de ilhas menos produtivas como São Vicente (caso das frutas, hortaliças e legumes)? Não será esse o momento de começar a investir na melhoria das técnicas de produção agrícola, diversificar o cultivo, exigir melhoria nos transportes para escoamento dos produtos, apostar em eventos de divulgação como feiras agro-pecuárias, eventos gastronômicos (para divulgar nossos pratos típicos, nossos doces, nosso peixe, nosso grogue, nossa farinha de pau, nosso atum de lata etc..), feira de artesanato, apostar em workshops com técnicos especializados em agronomia que possam levar informações de novas técnicas de cultivo e tecnologia agrícola, entre outros.

 O que quero dizer é que precisamos sair do nosso tradicional "midje e fjõ" que há muito deram mostras de insuficiência, é so faltar a chuva de outubro que não temos garantia de um bom ano. Há vários anos ilhas como Santo Antão, Fogo, Santiago e até Boavista estão apostando no sistema gota-a-gota, ilhas como Sal já têm no seu mercado produtos cultivados no sistema de Hidroponia (segundo minha amiga Wikipédia, a hidroponia é a técnica de cultivar plantas sem solo, onde as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada que contém água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta), só em São Nicolau pelos vistos continuamos a depender da mesericórdia da Santa Bárbara para garantir àgua  ao nosso pedacinho de terra. E quando ela decide ser generosa, faltam barcos e ligações regulares com as outras ilhas para levar os produtos ao mercado.

Conheço a estória de um senhor de Queimadas que, infelizmente não lembro o nome, que tem uma bela plantação de papaia, investiu no sistema rega gota-a-gota, tem uma produção anual razoável, apostou no mercado de São Vicente e Sal para onde manda doce de papaia caseiro e a fruta devidamente embalada e tem tido sucesso no seu investimento mas, disse-me ele em conversa, que só depende da ajuda do Marliso (Arrá, eu disse que ele era nosso amigo!!) e quando não consegue embarcar a produção tem que aguardar a próxima volta de outro barco que decida ancorar no nosso cais já que faz tempo que nos acostumamos a ter barcos semana sim, semana talvez. No minímo, inadmissível uma situação dessas!
No ano passado, se não estou em erro, a Câmara Municipal da Cidade de Ribeira Brava organizou uma feira agropecuária que contou com a partipação das então Ministras do Trabalho, Família e Solidariedade Social e da Descentralização, Habitação e Ordenamento do Território, respectivamente, Madalena Neves e Sara Lopes.  Louvável iniciativa e que tenha muitos anos de vida! Mas porque não vemos iniciativas do tipo no Município de Tarrafal? Temos menos vontade de trabalhar, menos idéias, menos iniciativa? Como uma Camâra Municipal investe milhares de contos num estádio (lá vou eu de novo com esse estádio, é que até hoje não me entra na cabeça a idéia de que ter um estádio relvado é prioridade para um município com tantas necessidades mais urgentes) e não aposta em iniciativas do tipo que certamente teriam maior e melhor retorno para o crescimento econômico da cidade.

Mas minha critíca não vai apenas para a autoridade pública do município. Aonde está a iniciativa privada? Só sabem reclamar e esperar pelas graças da Câmara? Ninguém se propõe a apresentar um projeto que incentive a criação de tais eventos ou o debate de tais problemas.
E os estudantes universitários do Tarrafal que têm feito com conteúdo académico, a intelectualidade que adquiriram após sairem de São Nicolau? Não se esqueçam que somos os futuros quadros do nosso munícipio, partirá de nós futuras idéias e soluções para o desenvolvimento da nossa ilha, mas o que têm feito por isso? As férias de verão aonde se concentram a maioria dos jovens e emigrantes da nossa terra poderiam ser usadas para organização de palestras, workshosp e os tais eventos acima citados mas ninguém se mobiliza, ninguém se interessa, ninguém se preocupa...ninguém quer saber.

 A nossa querida "praia de tedja" não vai sair dali, temos tempo suficiente para nos dedicar-mos à nossa diversão e também incentivar coisas mais sérias. Seremos nós velhos jovens ou juventude morta?
Talvez vocês podem argumentar que tudo isso exige dinheiro e eu vos digo que têm toda a razão, mas fazendo uso das sábias palavras do meu amigo Peter Drucker que diz "Não existem países subdesenvolvidos, existem países subadministrados" eu diria que esse problema seria resolvido com uma boa administração da verba do governo e das cooperações, apostando-a em prioridades para a ilha (juro que não vou falar do estádio novamente), sendo uma delas o desenvolvimento da agricultura.
Tudo isso para estimular a reflexão numa comunidade que se acostumou com o "deixe que os outros resolvam"...não será essa a hora de acordar-mos para a realidade?
Pensem, caros amigos, pensem!

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Abandono de São Nicolau: Falta de iniciativa municipal ou comodismo da população?

Santo Antão: Primeira feira de produtos "Made in Paul" cativa visitantes

Quando vejo iniciativas desse tipo em outras ilhas como Santo Antão neste caso, pergunto sempre porque ninguém teve essa idéia antes em São Nicolau.
Nossa ilha é fértil, nos meses de Setembro a Outubro há chuva em abundância, de Novembro a Janeiro fartura na "tambor de midje", verduras, hortaliças e todo o tipo de legumes são colhidos à farta nas nossas hortas mas o que vemos são agricultores prejudicados por falta de saída de produtos. Só se safam com a boa vontade do Marliso (o táxi dos sãonicoloenses e nosso melhor amigo, por sinal!).

Há uma controversa não há? Numa ilha tão fértil e com essa abundância como é possível a agricultura não render lucros aos agricultores ou porquê temos de importar quase tudo de ilhas menos produtivas como São Vicente (caso das frutas, hortaliças e legumes)? Não será esse o momento de começar a investir na melhoria das técnicas de produção agrícola, diversificar o cultivo, exigir melhoria nos transportes para escoamento dos produtos, apostar em eventos de divulgação como feiras agro-pecuárias, eventos gastronômicos (para divulgar nossos pratos típicos, nossos doces, nosso peixe, nosso grogue, nossa farinha de pau, nosso atum de lata etc..), feira de artesanato, apostar em workshops com técnicos especializados em agronomia que possam levar informações de novas técnicas de cultivo e tecnologia agrícola, entre outros.

 O que quero dizer é que precisamos sair do nosso tradicional "midje e fjõ" que há muito deram mostras de insuficiência, é so faltar a chuva de outubro que não temos garantia de um bom ano. Há vários anos ilhas como Santo Antão, Fogo, Santiago e até Boavista estão apostando no sistema gota-a-gota, ilhas como Sal já têm no seu mercado produtos cultivados no sistema de Hidroponia (segundo minha amiga Wikipédia, a hidroponia é a técnica de cultivar plantas sem solo, onde as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada que contém água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta), só em São Nicolau pelos vistos continuamos a depender da mesericórdia da Santa Bárbara para garantir àgua  ao nosso pedacinho de terra. E quando ela decide ser generosa, faltam barcos e ligações regulares com as outras ilhas para levar os produtos ao mercado.

Conheço a estória de um senhor de Queimadas que, infelizmente não lembro o nome, que tem uma bela plantação de papaia, investiu no sistema rega gota-a-gota, tem uma produção anual razoável, apostou no mercado de São Vicente e Sal para onde manda doce de papaia caseiro e a fruta devidamente embalada e tem tido sucesso no seu investimento mas, disse-me ele em conversa, que só depende da ajuda do Marliso (Arrá, eu disse que ele era nosso amigo!!) e quando não consegue embarcar a produção tem que aguardar a próxima volta de outro barco que decida ancorar no nosso cais já que faz tempo que nos acostumamos a ter barcos semana sim, semana talvez. No minímo, inadmissível uma situação dessas!
No ano passado, se não estou em erro, a Câmara Municipal da Cidade de Ribeira Brava organizou uma feira agropecuária que contou com a partipação das então Ministras do Trabalho, Família e Solidariedade Social e da Descentralização, Habitação e Ordenamento do Território, respectivamente, Madalena Neves e Sara Lopes.  Louvável iniciativa e que tenha muitos anos de vida! Mas porque não vemos iniciativas do tipo no Município de Tarrafal? Temos menos vontade de trabalhar, menos idéias, menos iniciativa? Como uma Camâra Municipal investe milhares de contos num estádio (lá vou eu de novo com esse estádio, é que até hoje não me entra na cabeça a idéia de que ter um estádio relvado é prioridade para um município com tantas necessidades mais urgentes) e não aposta em iniciativas do tipo que certamente teriam maior e melhor retorno para o crescimento econômico da cidade.

Mas minha critíca não vai apenas para a autoridade pública do município. Aonde está a iniciativa privada? Só sabem reclamar e esperar pelas graças da Câmara? Ninguém se propõe a apresentar um projeto que incentive a criação de tais eventos ou o debate de tais problemas.
E os estudantes universitários do Tarrafal que têm feito com conteúdo académico, a intelectualidade que adquiriram após sairem de São Nicolau? Não se esqueçam que somos os futuros quadros do nosso munícipio, partirá de nós futuras idéias e soluções para o desenvolvimento da nossa ilha, mas o que têm feito por isso? As férias de verão aonde se concentram a maioria dos jovens e emigrantes da nossa terra poderiam ser usadas para organização de palestras, workshosp e os tais eventos acima citados mas ninguém se mobiliza, ninguém se interessa, ninguém se preocupa...ninguém quer saber.

 A nossa querida "praia de tedja" não vai sair dali, temos tempo suficiente para nos dedicar-mos à nossa diversão e também incentivar coisas mais sérias. Seremos nós velhos jovens ou juventude morta?
Talvez vocês podem argumentar que tudo isso exige dinheiro e eu vos digo que têm toda a razão, mas fazendo uso das sábias palavras do meu amigo Peter Drucker que diz "Não existem países subdesenvolvidos, existem países subadministrados" eu diria que esse problema seria resolvido com uma boa administração da verba do governo e das cooperações, apostando-a em prioridades para a ilha (juro que não vou falar do estádio novamente), sendo uma delas o desenvolvimento da agricultura.
Tudo isso para estimular a reflexão numa comunidade que se acostumou com o "deixe que os outros resolvam"...não será essa a hora de acordar-mos para a realidade?
Pensem, caros amigos, pensem!

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